Seja para informar o endereço ou os horários dos cultos e missas, seja para divulgar os cursos ou passagens da Bíblia e até mesmo para transmitir on-line e em tempo real a palavra de Deus, os sites contam com os mais diversos meios de interatividade.
O casal de evangélicos Jonsthon Gonçalves de Almeida, de 48 anos, e Carla Cristine Boaventura de Almeida, de 40 anos, de Valinhos, vão ao culto todos os domingos à noite, mas pela manhã os dois “ouvem a palavra” pela internet por meio do site da Igreja do Nazareno, que transmite o áudio em tempo real.
“Enquanto eu estou no computador lendo uma notícia deixo ligado no culto também. A gente não abre mão da palavra de Deus”, diz Almeida.
Segundo Walmir André de Almeida Macedo, coordenador do site da Igreja do Nazareno Central de Campinas, uma nova versão deve ser colocada no ar até o fim deste ano para atualizar as informações e oferecer mais conteúdo aos fiéis. As barras de rolagem, por exemplo, serão eliminadas para que os “fiéis-internautas” possam visualizar a página de uma só vez.
Além disso, mais links serão criados. São cerca de 23 mil acessos por mês, de acordo com Macedo. Ele afirmou que pessoas de outros países acessam o site para assistir e ouvir os cultos. “Temos cadastradas no nosso e-mail cerca de 6,5 mil pessoas que recebem nosso boletim online semanalmente”, afirmou o coordenador.
Para ele, o uso da internet pelas igrejas é uma maneira a mais não só de chamar fiéis, mas também de fornecer às pessoas um alimento espiritual para quem não pode freqüentar os cultos. No site dessa igreja tem na tela inicial até um vídeo de boas vindas do pastor, onde a pessoa escolhe se vai usar banda larga ou conexão discada para acessar.
O culto online não é transmitido em tempo real, mas é colocado no site um dia depois de ser celebrado, aos domingos e às terças-feiras. “Não acho que a internet afaste fiéis porque ninguém deixou de ir à igreja por causa disso”, diz.
Já o site da Igreja Batista do Cambuí, que tem 410 fiéis, recebe cerca de 200 acessos ao dia, um número considerado alto pelo pastor Isaltino Gomes Coelho Filho. Segundo ele, acessam o site pessoas que estão na Itália, Portugal, Estados Unidos e Espanha, além dos fiéis que estão espalhados pelo País nos mais diversos estados. “A Internet é um processo rápido, que uniu as pessoas. Elas podem ouvir os cultos em casa, no trabalho, nos hotéis”, disse Coelho Filho.
Divulgação online deixa panfletos no passado
“Buscamos atingir um público específico. São as pessoas que só a usam a internet para obter informações.” A frase é do coordenador de cursos do Centro Budista Avalokiteshvara, Antonio Marcelo Campos. Para ele, as inovações tecnológicas não permitem mais que a divulgação de qualquer produto, marca ou religião, esteja vinculada apenas aos antigos panfletos distribuídos nos semáforos.
A informação via internet se faz tão necessária que o site, no ar há dois anos, já está sendo reformulado para que mais informações sobre o budismo sejam disponibilizadas não só para quem já conhece a religião, mas também pelos curiosos. “Contratamos uma nova empresa que já está trabalhando há uns seis meses na reformulação. Outros links de acesso também serão criados”, afirma Campos.
Para ele, a internet é fundamental para filtrar a procura dos interessados na tradição budista: “Teve uma melhora de qualidade na procura pelo centro. Não buscamos pessoas na rua, mas sim quem tem algum conhecimento da religião.”
Entre as religiões, o espiritismo pode ser considerado, em Campinas, o menos informatizado e com sites bem menos elaborados. No entanto, na página da União das Sociedades Espíritas Intermunicipal de Campinas há os endereços e informações de grande parte dos centros espíritas da cidade, distribuídos por bairro. (MFR/AAN)
Contato pessoal ainda tem que ser mantido
O uso da internet pelas diversas religiões e crenças deve ser feito sem deslumbramento e com ponderações para que não seja criada uma nova modalidade de fé, a individualizada. Para o professor da Pastoral da Comunicação da Faculdade de Teologia da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC – Campinas), Lindolfo Alexandre de Souza, as novas tecnologias devem ser utilizadas a serviço da religião como forma de dialogar com os fiéis, para evangelizar e também para manter um primeiro contato com as pessoas. “Mas substituir o contato interpessoal jamais”, diz.
O professor ressaltou que a essência da fé cristã é comunitária e se a tecnologia for mal utilizada pode haver uma “privatização da religião: você e Deus.” Em relação aos cultos online, Souza afirmou que ele não deve ser substituído pelo presencial para não haver um “empobrecimento litúrgico”. “As igrejas devem apostar na internet como uma grande oportunidade de diálogo, mas cabe às igrejas usar a tecnologia de forma eficaz.” (MFR/AAN)
O PERSONAGEM – Domingo vira dia para acessar a rede e ouvir os cultos via online
Nem passeio e nem almoço antecipado. O domingo de manhã para o casal de evangélicos Jonsthon Gonçalves de Almeida e Carla Cristine Boaventura de Almeida, de Valinhos, não é só para dormir até mais tarde ou lavar o carro ou ficar em casa sem fazer nada. Para os freqüentadores da Igreja do Nazareno Central de Campinas, domingo de manhã também é tempo de ouvir os cultos online que são transmitidos em tempo real pela internet. Mas não que o casal pare tudo o que está fazendo para prestar atenção no culto. Almeida contou que enquanto lê alguma notícia pela internet aproveita e já acessa o site da igreja para ouvir “a palavra de Deus”. E ouvir o pastor pela manhã é só mais uma oportunidade que o casal encontrou, pois marido e mulher não deixam de ir ao culto nas noites de domingo só porque já ouviram a celebração horas antes.
Na casa deles a conexão é banda larga, o que facilita a transmissão do áudio em tempo real. Para o fim do ano, o plano de Almeida é comprar um laptop que venha equipado com wireless. O objetivo é levar o computador para a praia e conseguir ouvir de qualquer lugar a “palavra de Deus”.
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