quarta-feira, 21 de outubro de 2009

MANÁ DA SEMANA: VIVER A VIDA

Muitas vezes ficamos presos a pretextos verbais na perspectiva de fazer nossos planos, nossos acertos, olhar para trás na esperança de mudar o futuro, entretanto, o que fazemos no nosso presente, será que não conta?

Paulinho da Viola tem uma música maravilhosa e quando a ouvi pela primeira vez, me vi refletindo sobre Eclesiastes e na busca insensata por mudar meu futuro, olhando meus fracassos do passado, mas sempre me esquecia de viver meu hoje. Mas não devemos nos planejar para o amanhã? Sim, porém quando isso se torna o nosso principal objetivo, deixamos de valorizar a vida com ela é.

Cristo falou isso para aqueles que lhe ouviam no sermão da montanha, quando justamente afirma que não deveríamos ficar ansiosos por coisa alguma, antes deveríamos observar os lírios e os pássaros, tão belos, mas tão efêmeros, mesmo assim Deus cuidava de cada um, com um amor especial, imaginemos nós, tolos e insensatos de pequena fé.

Com isso deveríamos lagar tudo e viver uma vida de observação da natureza e cheirando flores? De modo algum, mas não deveríamos dar nossas almas ao trabalho, a igreja, ou a qualquer instituição que nos exija o máximo de nós, resumindo, as coisas, porém, ao contrário, nossos projetos de vida deveriam ser os relacionamentos que construímos no caminho e lembrar as belas palavras de Vinícius de Moraes.


“A vida é a arte do encontro, embora haja tantos desencontros pela vida.”

O que podemos esperar do amanhã, ou do ontem? Alguém pode dizer que vive o ontem ou o amanhã? O passado é a depressão daquilo que não fizemos ou a nostalgia de dias que acreditamos ter sido melhores e o futuro é a ansiedade por um hoje que ainda se almeja. Então o que dizemos do agora? No fim, ele se torna a inerte espera pelo futuro.

O autor de Eclesiastes já dizia que o futuro é uma corrida atrás do vento, você pode prevê-lo? Pode tocá-lo? Podem-se fazer apenas projeções, entretanto, nunca acontecerá da forma como você almeja, portanto, viva o hoje, com projetos de hoje e amanhã quem sabe.

Não podemos ficar presos ao dogma da prosperidade financeira, isso não está atrelado apenas ao dogma religioso, mas em tudo que envolve essa busca exagerada por riqueza, a fé é somente mais um entre tantos artifícios para se conseguir enriquecer. E com isso cada vez mais perdemos a humanidade e a capacidade de amar, porque não queremos mais nos dedicar às coisas simples da vida, queremos apenas empreender dinheiro para ganhar mais dinheiro.

Como diz Paulinho da Viola: “Tenho pena daqueles que se agacham até o chão
Enganando a si mesmo por dinheiro ou posição”, o fim de todos é a morte e se não vivermos uma boa vida, no sentido de senti-la em sua plenitude como Deus nos deu, não poderemos ter uma boa morte e com isso, viveremos a custa de nosso arrependimento, presos a um passado de coisas que deveríamos ter feito, porque como havia dito, o passado não volta, o futuro é incerto e o hoje se vive agora.

Aproveite a vida, carpe diem, ame alguém, acima de tudo, ame a Deus como se não houvesse amanhã e como se você o tivesse descoberto hoje e faça algo que realmente faça a pena na sua vida e na vida do outro, para quando olhar para trás não veja o mar de dinheiro que conquistou, porém, um rastro sujeira que acabou deixando pelo caminho e a dor das pessoas que perdeu.

“Pois sei que além de flores, nada mais vai no caixão.”Paulinho da Viola

Que Deus nos abençoe
Thiago Azevedo

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