quarta-feira, 22 de abril de 2009

MANÁ DA SEMANA: A FAVOR DE QUE?

"Então lhes responderá, dizendo: Em verdade vos digo que, quando a um destes pequeninos o não fizestes, não o fizestes a mim" Mateus 25.45


Estive refletindo sobre os últimos acontecimentos, tanto em Belém, quanto em Pernambuco, sobre os casos de pedofilia e estupro de menores, infelizmente esse é um caso que gera revolta e comumente a revolta nos faz abafar o amor que deveríamos refletir, falo isso em relação aos agressores. Não quero defendê-los, pois sendo pai, não sei qual seria minha posição prática se isso acontecesse comigo (e que Deus me livre disso), mas queria meditar sobre os nossos dias, quem tem sido de completa e absoluta violência. Infelizmente as principais vítimas são as crianças, justamente por elas não verem a maldade como vemos e possuirem a pureza em sua inocência.

O foco desse texto não está nos violentados, pois creio que já se falou muito neles, mas justamente nos agressores. Como agressores temos vários grupos, vamos chamá-los de primários e secundários. Como primários, são aqueles que cometem o ato propriamente dito, não vamos buscar causas, pois podemos encontrar muitas ou talvez nenhuma, eles devem sofrer as conseqüências da lei que lhes cabe, mas até que ponto queremos a justiça, ou invés da vingança? Entendo que a justiça deve punir, tal qual fazemos quando nossos filhos cometem alguma mal-criação, os castigamos pela razão de refletirem sobre o que fizeram e de nunca mais cometerem aquele ato, será que quando enviamos as pessoas as prisões, queremos sua restauracão, ou sua completa e total destruicão?

Com isso chegamos ao segundo grupo, esse possuiu um volume muito grandes de pessoas, posso dizer que me incluo nele e muitos dos que estão lendo esse texto também. São justamente as pessoas que se indignam com fatos como esses, mas olham com vingança, que se virem o agressor sendo linchado, participariam do "festejo" da justiça sendo feita, nesse aspecto, isso não é muito diferente do que aqueles judeus queriam fazer com a adúltera que levaram diante de Jesus.

No geral, são pessoas muito religiosas e que buscam piedade, mas ainda não aprenderam a essência do amor de Deus em suas vidas, buscam se realizar diante de Deus a partir da Lei, do fazer para agradá-lo e assim, abandonam o que é de primordial no Pai, a misericórdia. Fico lembrando do momento em que Cristo foi crucificado com os ladrões, muitos zombavam dele, mas ele não proferiu nenhum julgamento contra nenhum, mas ao que pediu misericórdia, ele amorosamente acolheu aquele bandido, o abraçou, mas não o tirou da cruz, deixou que ele morresse, mas deu a ele, algo que nenhum daqueles que estavam admirando o espetáculo deu, amor. Aquele bandido, morreu feliz, pois se sentiu digno, por alguém que era inocente.

Não estou defendendo, que devemos libertar todos os prisioneiros, estupradores, pedófilos e etc. mas quero que pensemos em como temos agido diante de situações como essas. Somos os primeiros a buscar nossas maiores pedras, ou somos aqueles que visitam os presos, dando a eles a oportunidade de refletir um pouco sobre suas vidas e proporcionando a eles dignidade através do exercício do amor?

Na nossa religiosidade e decoração de jargões gospel, afirmamos que não existe pecadinhos e nem pecadões diante de Deus, mas nossas ações dizem justamente ao contrário, condenamos ao inferno aqueles que agem de forma contrária ao nosso senso de justiça e amaldiçoamos aqueles que não agem conforme nossos princípios dogmaticos e religiosos. Nisso, acabamos cegos e engasgados com nossas próprias atitudes de "piedade" religiosa, esta apenas exercida dentro dos templos, através dos cultos, com mãos levantadas e olhos fechados, com gritos de aleluia e améns, mas que não possuem nenhuma aplicação prática, ou não acrescenta nenhuma significância na vida das pessoas.

Creio que esse grupo é o mais perigoso, mais ainda do que os que estávamos comentando no início, justamente porque sua violência é na alma das pessoas, tirando delas o calor de ser humano e incorporando a frieza de ser religioso.

Se cremos que Deus é amor e se pela lógica somos a Sua imagem e semelhança, em que sentido devemos então nos assemelhar a Deus? A religiosidade pinta um quadro de Deus a partir de sua severidade, mas a Sua palavra, a Bíblia, pinta um Deus que age e se move a partir desse principal atributo, maior do que todos os outros que possamos descrever, se Deus não fosse amor, ele se assemelharia a qualquer outro deus que existe no mundo da mente humana.

Que o Deus da paixão pela humanidade e movido de amor e misericórdia ilumine nossos corações e caminhos para um mundo movido pelo amor e pela eqüidade.

Que Deus nos abençoe

Thiago Azevedo

Thiago, mantém o blog Descanso da Alma

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