
“Mas o que ouve e não pratica é semelhante a um homem que edificou uma casa sobre a terra sem alicerces, e, arrojando-se o rio contra ela, logo desabou; e aconteceu que foi grande a ruína daquela casa” Lucas 6.49
O que realmente nos caracteriza como bons servos de Deus? A regularidade de se viver os ritos, ou como diz o profeta Samuel, obedecer à vontade de Deus? E como se caracteriza a vontade de Deus?
Hoje assemelho essa parábola de Cristo com a estória dos três porquinhos, como ela diz, os dois primeiros porquinhos constroem casas, uma de palha e outra de madeira, mas o lobo veio e soprou e as derrubou diferente do terceiro que fez sua casa de alvenaria e assim o lobo não teve como destruir.
Nesse sentido, devemos assemelhar as casas tanto a dos porquinhos como a da parábola de Cristo à mensagem pregada do evangelho. Muitos procuram estabelecer para si, mensagens que falam ao coração baseado em seus desejos, e em satisfazer seus egos e suas “verdades” e acabam chamando isso de cristianismo e usam o nome de Deus para pronunciar estas “verdades” e ainda mostra que a vida cheia de bênçãos é o nosso destino, essa mensagem se assemelha a velha frase positiva e mentirosa de que o crente deve ser cabeça e não rabo. Ora, isso contraria diretamente o que Cristo nos disse sobre os últimos serão os primeiros. Que se alguém quer ser grande no reino de Deus, deve-se fazer pequeno.
Essa mensagem é pautada na falta de fundamento bíblico, textos sem contextos e numa oratória “convincente”, mas fria do amor de Deus e sem a verdadeira graça de Cristo, esta, direcionada aos pobres e nos conduzindo ao exercício da misericórdia e do amor ao próximo. Estes próximos, não são os nossos iguais, mas justamente os diferentes, os excluídos por nós. Deus veio para esses.
Então como devemos caracterizar a vontade de Deus para nós? Nesse aspecto a vontade de Deus para nós não está diretamente relacionada ao que eu quero de mim, pois sempre achamos que o que eu quero é o que Deus quer, mas na verdade, a vontade de Deus para nossas vidas é que nos amemos uns aos outros assim como Cristo nos amou. Será que somos capazes disso?
Todos os dias somos bombardeados pelo mundo onde o conceito é me priorizar para depois, se houver espaço em minha agenda, priorizar o outro. A verdadeira igreja de Cristo anda na contramão disso, por isso a mensagem do Reino dos Céus é dura e não é auto-ajuda, justamente porque ela requer de nós mudança de comportamento e que deve primeiramente começar por nosso coração e mente, não é o que o apóstolo Paulo diz em I Coríntios 13 e Romanos 12?
Ora, para renovar minha mente, devo fazê-la mediante meu aprofundamento na palavra de Deus, meditando todos os dias sobre os mandamentos do Pai para nós, não os mandamentos do rito, mas aqueles que são para nossas almas. Mas o que vemos hoje, é que depositamos nosso conhecimento bíblico nas mãos de nossos líderes religiosos e com isso deixamos de desfrutar de todas as vitaminas que a fruta colhida da árvore pode nos dar e com isso nos intoxicamos com mensagens cheias de incremento artificial que nos levam ao nanismo espiritual e prático.
Sinto saudades do tempo em que se ouvia falar nos púlpitos sobre perdão, exercer misericórdia e amor ao próximo, negar-se a si mesmo em função do outro, a importância de se levar um evangelho consistente ao mundo, não só com palavras, mas com ação, sobre santificação e boas obras, e sobre o caminho estreito, esse é o mais engraçado, pois melhor mesmo é falar de um caminho largo e fácil de percorrer, pois não requer nada de nós. Sermos discípulos que enterram os pais, que tem onde reclinar a cabeça e olham pra trás quando põem as mãos no arado, ou seja, embarcamos nessa graça pirateada que não vem de Deus, mas dos desejos maliciosos dos homens.
Ter igrejas modestas, mas cheias do Espírito de Deus não vale mais a pena. Viver pelo marketing é mais seguro, pois assim podemos lotar templos, justamente baseados na aplicação de um CRM (Técnicas de Relacionamento com o Cliente) bem feito, a estrutura física é impecável, mas a estrutura da alma é extremamente deficiente. Desenvolvemos uma geração de desnutridos espirituais, justamente porque o leite que se prega é contaminado e não alimenta ninguém, apenas nos deixam mais doentes e com uma diarréia espiritual, pois não esclarece, aliena cada vez mais.
Infelizmente esse é um quadro que não se reduzirá, muito pelo contrário, se tornará mais grave, pois como bem disse Cristo, a seara é grande, mas poucos os ceiferos. Acredito que o caminho estreito será percorrido pelas pessoas que não suportam mais isso e procurarão uma forma de se alimentar de forma correta, livre dessas amarras institucionais. Procurarão viver um Cristo sem religião ou denominação, Cristo do vento, que sopra onde quer e ninguém pode dizer de onde vem ou para onde vai. Esse será o caminho, do cristianismo anônimo, mas que procura realmente ser sal e luz do mundo, justamente porque se baseia na justiça e acima de tudo no amor.
Que Deus nos abençoe.
Thiago Azevedo
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